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33bienal/sp

7 sep - 9 dec, 2018
free admission

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O pássaro lento / Prólogo por [Prologue by] Pablo Martín Ruiz

The writer Pablo Martín Ruiz reads his text "Prologue", a prelude to the story he wrote for the exhibition.

O escritor Pablo Martín Ruiz lê seu texto "Prólogo", um prelúdio da história que escreveu para a 33ª Bienal.

Português | EspañolEnglish

PORTUGUÊS

Um arquiteto que queria explicar as grandes dimensões do edifício que ele estava projetando disse que era assim para que um pássaro que entrasse não sentisse que estava dentro. Esse espaço de racionalidade ornitológica, por assim dizer, é concebido como um espaço aberto e fechado ao mesmo tempo, e não é realmente um espaço mas, nas palavras do escritor francês Georges Perec, uma espécie de espaço.

Isto pode ser colocado em relação ao texto que imaginamos, pensado como um  dispositivo de leitura dirigida, ou como capaz de gerar um tipo de leitura dirigida, não no sentido de leitura automática ou autogerada, como a de um dispositivo mecânico ou de alguém que cochila, mas, ao contrário, uma leitura que, mediante o uso de uma série de elementos relacionados que ativam um estado de alerta, estabeleça suas próprias coordenadas e exija um nível particular de atenção, como aconteceria com um mecanismo de precisão cujas partes se encaixassem e respondessem umas às outras, mas que ao mesmo tempo estivessem abertas à interferência imprevista e fortuita de uma nova engrenagem que, embora não participasse do plano original, quando introduzida e incluída no mecanismo geral, harmoniosamente se acoplasse a ele, tal como um ato livre se acopla a um destino, ou como a morte se acopla à razão.

ESPAÑOL

Un arquitecto que quiso explicar las grandes dimensiones de un edificio que estaba diseñando dijo que era para que si un pájaro entra no sienta que está adentro. Este espacio de racionalidad ornitológica, por decirlo así, se concibe a un tiempo abierto y cerrado, y es en realidad no un espacio sino, para decirlo en términos del escritor francés Georges Perec, una especie de espacio.

Lo que puede ponerse en relación con el texto que imaginamos, que está pensado como un dispositivo de lectura dirigida, o como capaz de generar un tipo de lectura dirigida, no en el sentido de lectura automática o autogenerada, como la de un aparato mecánico o la de alguien que dormitase, sino, por el contrario, una lectura que, mediante el recurso a una serie de elementos afines que activen un estado de alerta, establezca sus propias coordenadas y exija un particular nivel de atención, como ocurriría con un mecanismo de precisión cuyas partes encajan y responden unas a otras pero que al mismo tiempo están abiertas a la intromisión imprevista y azarosa de un nuevo engranaje que, aunque no hubiera sido parte del plan original, una vez presentado e incluido en el mecanismo general se acoplara a él armónicamente, como un acto libre se acopla a un destino, o como la muerte se acopla a la razón.

ENGLISH

An architect who wanted to explain the vast dimensions of a building he was designing said it was so that if a bird flew in, it wouldn’t feel that it was inside. This space of ornithological rationaliy, so to speak, can be thought of as a space both open and closed, and it is actually not a space but rather, to put it in the French writer Georges Perec’s terms, a species of space.

We can relate this to the text we are imagining, which is conceived of as a device for directed reading, or capable of inciting a kind of directed reading, not in the sense of automatic or self-generated reading, like that of a mechanical device or of someone who is dozing off, but rather, on the contrary, a reading which, by way of a series of related elements which give rise to a state of alertness, establishes its own coordinates and demands a particular level of attention, as would happen with a precision mechanism whose parts fit with and correspond to one another but which at the same time are open to the unexpected and random insertion of a new piece which, although it wasn’t part of the original plan, once it is introduced and made a part of the whole mechanism, aligns with it harmoniously, the same way an act of freedom aligns with fate, or the way death aligns with reason.

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