Outra 33ª Bienal de São Paulo: projeto de Bruno Moreschi. Danilo Macedo, orientador de público, fala sobre a instalação de cogumelos de Antonio Ballester Moreno, localizada no térreo da Bienal.
Another 33rd Bienal de São Paulo: Project by Bruno Moreschi. Danilo Macedo, exhibition attendant, talks about the installation with mushrooms by Antonio Ballester Moreno, located on the Bienal’s ground floor.
Meu nome é Danilo Macedo Couto Cruz. O que eu faço aqui? Sou orientador de público. Oriento as pessoas sobre o que pode e o que não pode fazer aqui dentro. Estar sempre atento, né? Falar para as pessoas não poderem tocar, não poderem correr. Cuido da parte dos cogumelos, da obra do Antonio Ballester Moreno. Quando caí nesta obra, falei: "Meu Deus! Esse artista é maravilhoso, de verdade". No início, eu falei: "Esse artista é meio louco" (risos). Porque, no início, fiquei pensando comigo mesmo que ele teve o trabalho de fazer cada cogumelo diferente um do outro. Ele tem que ser muito bom mesmo para não fazer um ligado ao outro, um igual ao outro. Depois, quando descobri que foram crianças que fizeram aquilo… meu Deus, esse artista é demais, pelo que ele fez com escolas aqui de São Paulo. Sempre que as pessoas entram, vêm "matando" mesmo, vêm de cara nos cogumelos, mas não se dão conta do contexto inteiro que ele quis passar. A primeira impressão é o impacto que dá, pela grandeza da obra, pela quantidade e pelo que significou aquilo. As pessoas vêm, olham e ficam com os olhos brilhando porque, de tão grande que é, elas pensam no que este artista quis dizer aqui, por quê ele colocou só cogumelos e isso está maravilhoso? Só que, quando elas começam a entender que tem todo um entorno por trás daquilo, que ele quis fazer uma ligação com o parque… as pessoas começam a ficar mais e mais interessadas. Começam a olhar não só como cogumelos, mas como sendo eles. Eles começam a pensar nas pessoas. Referente às crianças, é muito interessante, porque quando eles olham, falam: "Tio, pode tocar?". E a gente sempre fala não. Queria eu poder deixar você tocar. Mas quando eles descobrem que foram outras crianças que fizeram os cogumelos, eles falam: "Tio, também posso fazer um e deixar aqui?". (risos) Quando as crianças das escolas de São Paulo que fizeram esses cogumelos vieram, foi muito engraçado. Porque na hora que eles chegaram, correram em volta dos cogumelos, e foi uma loucura tentar segurar cada um para não invadir o espaço, o limite. Cada um foi tentando achar o seu, que é uma maneira que eu também me colocaria se eu fizesse um. Eu também queria procurar o meu! Ele fez esse trabalho com as crianças, mas na instalação, creio que queria fazer uma homenagem ao parque praticamente. Ele poderia fazer uma coisa vertical, horizontal, mas ele preferiu fazer um círculo, para fazer a ligação com o Parque Ibirapuera. Isso é muito legal, a ligação com a natureza. Ele pegou essa instalação de frente com o parque, por isso que pode ser a atração principal, como a natureza lá fora. Você pega as árvores, as estrelas, o céu, a lua, a chuva, tudo o que ele quis passar ali, ele passa para dentro. Tudo isso faz uma ligação. Isso é muito interessante.
My name is Danilo Macedo Couto Cruz. What do I do here? I am an exhibition attendant. I advise people about what they can do and what they can’t do here inside. Being always attentive, right? Tell the people they can’t touch, they can’t run. I take care of the part with the mushrooms, in the work by Antonio Ballester Moreno. When I came onto this artwork I said: “My God! This artist is really wonderful.” At first, I said: “This artist is a bit crazy” (laughter). Because, at first, I was thinking to myself that he had gone to the work of making each mushroom different from the next. He needed to be really good to not make one in connection to another, one the same as another. Later, when I discovered that it was children who had made that… my God, this artist is just too much, for what he has done with schools here in São Paulo. Whenever people come in, they are really struck when they first see them, but they are not aware of the entire context that he wanted to convey. The first impression is the impact it has, by the size of the work, the quantity, and what it means. The people come, look at it, and their eyes light up because it is so big, and they think about what this artist wanted to say here, why he put only mushrooms and is that wonderful? But, when they begin to understand that there is an entire context behind it, that he wanted to make a connection with the surrounding park… The people start getting more and more interested. They start looking at it not only as mushrooms, but as though it were them. They start thinking about the people. In regard to the children, it’s very interesting, because when they look at it they say: “Hey mister, can I touch it?” And we always say no. I wish I could let you touch it. But when they discover that it was other children who made those mushrooms, they say: “Mister, can I make one too, and leave it here.” (laughter) When the children from the São Paulo schools who made those mushrooms came, it was really funny. Because when they arrived, they ran around the mushrooms, and it was crazy trying to hold them all back, to keep them from invading the space, crossing the line. Each of them tried to find their own, which is just what I would do if I had made one. I would also want to look for mine! He did this work with the children, but in the installation, I think that he effectively wanted to make an homage to the park. He could have done a vertical, horizontal thing, but he preferred to make a circle, to make the connection with Ibirapuera Park. This is really cool, the connection with nature. He put this installation facing out toward the park, and that’s why it can be the main attraction, like the nature there outside. You take the trees, the stars, the sky, the moon, the rain, everything he wanted to convey there, he brings inside. All of this makes a connection. This is very interesting.