afinidades
afetivas
33bienal/sp

7 set - 9 dez, 2018
entrada gratuita

Convite à atenção


Marina Gouveia

Descrição do objeto de atenção
Obra "Diurna", de Laura Vinci. Exposta no Farol Santander, na exposição "Belo, transitório, intangível e finito". Uma obra imersiva, do tipo instalação: em uma sala branca em formato de "seta", há folhas de árvores secas e douradas pregadas nas paredes brancas. As folhas começam a se agrupar gradativa e exponencialmente conforme entramos na sala em direção às grandes janelas no fim dela, onde as folhas estão em maior número. Ao longo do caminho até as janelas, podemos perceber projeções de sombras de árvores que somem sutilmente.

Registro da experiência

Encontrar uma obra: De todos os andares de exposição do Farol Santander, este andar onde está a instalação Diurna é o menos apreciado. Eu mesma passei algumas vezes pelo andar e achei somente bonito, visualmente delicado e só. Então decidi dedicar atenção á este andar para criar algum diálogo com ele. Livrei-me de opiniões alheias e pré concebidas por mim mesma. Entrei. De início entendi a razão pela qual esta obra é alvo de caretas e indagações dos visitantes: o discurso dela é sutil, delicado. Exige que o visitante leia o que o espaço e a obra causam nele. As outras obras tem apelos interativos e áudio-visuais fortes, ao contrário desta, o estimulo vem de fora para dentro. Esta requer tempo, interpretação de dentro para fora. Dedicar atenção: Sala ampla e branca, formato de "seta" que aponta para uma parede com grandes janelas, no 22º andar do prédio Altino Arantes. Nas alvas paredes, folhas secas de latão, douradas, começam a saltar na visão de quem entra na sala. Aos poucos elas brotam das paredes, no começo menos iluminado da sala. Guiam a pessoa em direção às grandes janelas, perto de onde se concentram em grande quantidade. Ao longo do caminho, projeções de sombras na parede aparecem e definham,pueris. Como é possível criar a sombra de uma árvore, sem a árvore? Ao chegar nas janelas, nos deparamos com a pauliceia: prédios amontoados do centro velho da cidade; sem verde natural, somente jardins, tentativa do homem de domar a natureza. As folhas douradas, uma tentativa de dar valor ao que não pode ser recuperado (natureza morta pelo homem e suas consequências), dentro de um banco, onde circulava muitos valores. A pergunta que a obra me faria: O que você deixa de ver? O que eu perguntaria para a obra: Cada escolha, uma renúncia. Já que é finito e transitório, o que se ganha com a perda? Nome da obra: DIURNA. Outros nomes para ela: luz sutil, ausência de sombra e penumbra, luz pueril, sombra pueril.

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