Antonio Ballester Moreno aborda sua curadoria na 33ª Bienal como forma de contextualizar um universo baseado na relação íntima entre biologia e cultura, com referências à história da abstração e sua interação com natureza, pedagogia e espiritualidade. Para tanto, ele relaciona a produção de filósofos, cientistas e artistas em uma mostra que abarca desde brinquedos educativos das vanguardas históricas, obras da Escuela de Vallecas (um movimento espanhol de vanguarda da década de 1930 próximo ao surrealismo) à presença de artistas contemporâneos:
Somos todos diferentes. Cada um vê o mundo de uma forma distinta.
Cada vez que nos movemos, o fazemos com nosso mundo. O que nos rodeia a cada momento é parte de um universo particular que se move conosco. O ambiente faz o mundo.
Dito isso, e consciente da infinidade de linguagens que se apresentam no também particular mundo da arte, tratamos aqui daquilo que nos une, uma experiência comum em que compartilhamos os costumes mais básicos de nossa própria natureza e da natureza que nos rodeia, e da qual inevitavelmente somos parte.
Recuperar a continuidade entre a experiência estética e os processos naturais da vida para dissolver o pensamento dualista – a arte culta versus a popular, o estético em contraste com o prático, o artista em oposição às pessoas supostamente “normais” – implica em aceitar a separação entre as coisas e as pessoas, os pensamentos e os sentimentos, a humanidade e a natureza, o eu e o mundo.
Todas as vidas, sem exceção, são criativas, e o fim de toda criação não é a verdade pura do conhecimento em si, mas simplesmente melhorar a existência.
Porque ver as coisas unidas, em sua infinita diversidade, é mais enriquecedor e satisfatório. [ABM]