Para sua exposição intitulada O pássaro lento, Claudia Fontes parte de uma metanarrativa: um livro fictício homônimo cujo conteúdo é desconhecido, salvo por alguns fragmentos e por seus vestígios materiais. Fontes e os artistas convidados apresentam trabalhos que ativam as aproximações entre artes visuais, literatura e tradução através de experiências que propõem uma temporalidade expandida, alternativa ao fetiche moderno da velocidade:
O Pavilhão Ciccillo Matarazzo é um ponto de encontro de vida humana e não humana, cada uma com sua temporalidade e seus modos, quase opostos, de estar no mundo. Essa exposição toma essa polaridade como premissa e propõe a imagem do pássaro lento como um antídoto ao ideal de velocidade que o edifício representa, com a ambição de gerar condições de observação que atraiam e retenham a leitura atenta do visitante. O pássaro lento não funciona em nossa exposição como um tema ou ideia a ilustrar, e sim como uma figura ambígua oferecida como território comum a partir do qual os artistas convidados iniciaram processos criativos únicos e diversos entre si. Acompanha as obras um conto policial no qual se desvelam aspectos do voo curatorial do pássaro lento: considerar o espectador como leitor, o curador como tradutor, o fato artístico como evidência de um enigma, e a certeza de que esse enigma tem tantas possibilidades de resolução quanto leitores. [CF]
Ben Rivers (UK, 1972)
Claudia Fontes (ARG, 1964)
Daniel Bozhkov (BUL/EUA, 1959)
Elba Bairon (BOL, 1947)
Katrín Sigurdardóttir (ISL/EUA, 1967)
Pablo Martín Ruiz (ARG, 1964)
Paola Sferco (ARG, 1974)
Roderick Hietbrink (HOL, 1975)
Sebastián Castagna (ARG, 1965)
Žilvinas Landzbergas (LTU, 1979)
O texto encomendado a Pablo Martín Ruiz para a 33ª Bienal cria uma história de detetive que funciona transversalmente em relação aos outros trabalhos artísticos em O pássaro lento. Disponível para leitura online em Português, Espanhol e Inglês.