Outra 33ª Bienal de São Paulo: projeto de Bruno Moreschi. Rita Marinho, gerente da Secretaria Geral da Bienal, fala sobre o vídeo de Bruce Nauman, localizado no terceiro andar da exposição.
Another 33rd Bienal de São Paulo: Project by Bruno Moreschi. Rita Marinho, manager of the General Secretariat of the Bienal, talks about the video by Bruce Nauman, located on the exhibition’s third floor.
Meu nome é Rita Marinho. Estou aqui há 34 anos. Atualmente, sou gerente da Secretaria Geral. Marcar as agendas, atender o dia-a-dia dos outros departamentos, agendar táxis… salvar a vida de todo mundo. O que precisar para agora, o que não precisa… Entrei aqui, na realidade, para ficar vinte dias. Auxiliei a parte do arquivo dos jornais do Walter Zanini e a Gabriela Wilder com a Sheila Leirner, que seria a curadora. Me convidaram, com a Gabriela, para ficar, e estou aqui até agora trabalhando nas Bienais. A Bienal dos meus olhos é a Bienal da 24ª, do Julio Landman, que tinha o Núcleo Histórico. Mas eu compreendo que a Bienal tem que mostrar a arte do momento. A gente sempre tem uma mania de ir para a direita, né? Sempre indo para a direita, demoro para ver a Bienal do lado da esquerda. Escolhi essa obra por causa da Rayssa, que trabalha comigo, a Foizer. Ela chegou para mim, assim: "Tem uma obra que é para você! Para te animar!", e apontou. Eu falei: "Ah! Essa obra é do Bruce Nauman!". Porque me lembrei de uma Bienal que uma obra do Bruce Nauman ficou do lado da minha sala, que era só voz, voz, voz. Não me incomodava, incomodava as meninas que estavam trabalhando comigo. Para mim, que sou muito elétrica, achei bárbaro, porque até fiquei pulando: "no, no, no, no"... Era bem na semana da gente votar, então tinha que acabar com um monte de coisas, "no" ao racismo, "no" à maldade. Fiquei pulando lá até com as pessoas olhando. Falei: "Não. Eu tenho que fazer alguma coisa diferente!". E aquilo foi um estado de espírito para mim. Depois, eu voltei lá e me lembrei de outras coisas. Isso que acho bom, também. Por exemplo, época do David Byrne, ficar pulando, sabe? Pulando, pulando, pulando, pulando, pulando! Madonna… Como a minha amiga Rayssa falou: "Eu quero, eu quero, eu quero, eu quero, eu quero ficar pulando!" E aquele negócio de ficar ao contrário, ao mesmo tempo achata o que você deseja. Você pode querer, mas ninguém vai te dar aquilo. Você fica com milhões de coisas na cabeça. Foi assim espetacular para mim, porque eu estava com tanta ânsia, tanto nervoso, que aquilo saiu! Está vendo? Ia pagar uma terapia e o Bruce Nauman nem vai me cobrar.
My name is Rita Marinho. I have been here for 34 years. Currently, I am a manager of the General Secretariat. I mark the schedules, I attend to the day-to-day affairs of the other departments, I schedule taxis… I save everyone’s life. What is needed right now, what is not needed… I actually started working here for a twenty-day stint. I helped with the newspaper archive section of Walter Zanini and Gabriela Wilder with Sheila Leirner, who was to be the curator. They invited me, with Gabriela, to stay, and I have been here until now working at the Bienals. The best Bienal to my eyes was the 24th Bienal, by Julio Landman, with the Historical Nucleus. But I understand that the Bienal has to show the art of the moment. We always have the tendency to go to the right, don’t we? Always going to the right, it takes me a while to see the Bienal on the left side. I chose this artwork because of Rayssa, who works with me, Rayssa Foizer. She came up to me and said: “There is an artwork that is for you! To excite you!” And she pointed to it. I said: “Oh! That work is by Bruce Nauman!” Because I remembered a Bienal in which a work by Bruce Nauman was beside my room, which was only voice, voice, voice. It didn’t bother me, it bothered the girls who were working with me. For me, as I am very electric, I thought it was totally cool, because I would even dance, saying: “no, no, no, no”… It was right during election week, so I had to finish with a lot of things, “no” to racism, “no” to evil. I would dance there, even with the people looking. I said: “No. I have to do something different!” And that was a state of spirit for me. Afterwards, I went back there and remembered other things. This that I think is good, too. For example, the time of David Byrne, dancing, you know? Really dancing, just totally dancing! Madonna… Like my friend Rayssa said: “I want, I want, I really want to dance!” And that thing of being opposed to something, at the same time it flattens what you want. You might want it, but no one is going to give it to you. You have millions of things in mind. So it was spectacular for me, because I was so anxious, so nervous, that that came out! You see? I was going to pay for therapy and Bruce Nauman is not even going to charge me.