Descrição do objeto de atenção
Um quadro com uma foto tirada pelo meu marido, que é fotógrafo. A foto é de uma gata que tínhamos, que fugiu há alguns anos. Pode-se ver, em primeiro plano, só a silhueta da gata, em preto, sentada. Ao longe, em alto contraste em preto e branco, há um emaranhado de folhas e galhos de diferentes tipos. A foto foi tirada da janela do primeiro quarto que compartilhamos.
Registro da experiência
O tema da foto é aquilo que está ausente da foto: a gata está apenas sugerida, só é possível divisar sua silhueta, que no plano da imagem é um vazio em preto. Ela efetivamente está ausente. Refleti sobre a ausência como uma espécie de resistência - a quê? Na imagem, os galhos parecem sumir ou se deter quando encontram o contorno da silhueta. A vida (aquilo que cresce, o caos) se detém diante de uma ausência? Uma ausência mancha o tecido da vida de maneira a reconfigurar essas forças (como um buraco negro e seu poder de atração)? Após o exercício, meu corpo queria fazer um gesto com as mãos como que de acolhimento, como se eu quisesse segurar uma pequena esfera de energia, contida mas potente. Morte e ausêcia criando em mim uma necessidade de gerar e conter - e cuidar. Um movimento e de alguma maneira uma superação. Não convite o choro.
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