Waltercio Caldas, que sempre considerou a história da arte como material de trabalho, projeta um espaço em que obras de diversos artistas são confrontadas com trabalhos de sua autoria. Com sua mostra, propõe uma reflexão sobre a poética, a natureza das formas e das ideias e suas implicações na atividade artística desde o final do século 19:
Não preciso da operação curatorial se posso exercer três atividades correlatas: a do artista que realiza uma obra, a do artista que tem preferências, e a de um terceiro que pensa a relação entre os dois anteriores. Assim, posso tratar as questões como gostaria, sem torná-las discursivas, colocando sob suspeita as justificativas e teorias estéticas. Apresento minhas escolhas como uma composição musical, evitando quaisquer conceitos ou excessos que tentem minimizar a experiência com as obras. A música resultante seria a forma explícita da relação entre o espectador e o que ele tem diante de si. É sempre bom lembrar que as verdadeiras obras de arte ignoram qualquer discurso que as desvirtue, e são suficientemente eloquentes para desautorizar interpretações oportunistas. Substituindo a ideia de demonstração pela de apresentação, pretendo tornar claro o que acontece ali, na diversidade das obras selecionadas; e reconheço neste confronto algo mais importante do que uma suposta autoridade curatorial sobre elas. Essa autonomia, essa linguagem própria das obras, beneficia a experiência, pois agora cabe somente aos trabalhos falar do desconhecido que os justifica. Partindo do princípio de que existem riscos bem‑humorados, acredito que a arte pode melhorar a qualidade do desconhecido. E nos resta a questão: como alterar as regras em benefício do que ainda não sabemos? [WC]
Anthony Caro (UK, 1924 – 2013)
Antonio Calderara (ITA, 1903 – 1978)
Antonio Dias (BRA, 1944)
Armando Reverón (VEN, 1889 – 1954)
Blaise Cendrars (SUI, 1887 – 1961)
Bruce Nauman (EUA, 1941)
Cabelo (BRA, 1967)
Friedrich Vordemberge-Gildewart (GER, 1899 – 1962)
Gego (GER, 1912 – VEN, 1994
Jorge Oteiza (ESP, 1908 – 2003)
José Resende (BRA, 1945)
Miguel Rio Branco (ESP, 1946)
Milton Dacosta (BRA, 1915 – 1988)
Oswaldo Goeldi (BRA, 1895 – 1961)
Richard Hamilton (UK, 1922 – 2011)
Sergio Camargo (BRA, 1930 – 1990)
Tunga (BRA, 1952 – 2016)
Vicente do Rego Monteiro (BRA, 1899 – 1970)
Victor Hugo (FRA, 1802 – 1885)
Waltercio Caldas (BRA, 1946)