A curadoria de Sofia Borges, A infinita história das coisas ou o fim da tragédia do um, parte de interpretações filosóficas sobre a tragédia grega para mergulhar em uma colagem de referências mitológicas. Sua proposta configura-se como um espaço ativo de investigação acerca dos limites da representação e da impossibilidade da linguagem enquanto instrumento de mediação do real:
O infinito do tudo era um só. A junção do sentido era um círculo. O vazio do vazio era inteiro. A porta do fim não fechava. E no aberto não cabia mesmo o um. Porque o vão entre o tudo era um ovo. A luz que emitia era um vaso. E o ausente que havia era um só. A verdade não continha o presente. O passado um uníssono sim. O equívoco era uma espécie de antigo. A floresta era uma forma de medo. E a palavra só sabia o maior. O dourado não era sequer existente, já que sabia, a si mesmo, ser sem fim. Onde tudo cabia sem forma. O lugar do sem fim era um só. O círculo era sempre uma reta. E a volta era só o início. Cada coisa que havia era o tudo. E a verdade sequer sabia seu som. Assim, tudo podia mudar. Era um fogo brilhante. [SB]