A escala deste trabalho é composta de três momentos: o primeiro, uma ação em dois pontos da América e, por isso, continental; depois, uma peça sintética colocada em um espaço externo na cidade de São Paulo; e, por último, como efeito de tudo isso, em espaço interno, a série de esculturas realizadas para o prédio da Bienal.
Minha percepção de espaço expositivo se caracteriza por um emaranhado de questões, muitas vezes díspares, esquizofrênicas até. O que tenho como espaço, hoje, engloba a poesia e o desenho. Nesse sentido, uso esculturas, objetos, fotografias, ações, coordenadas geográficas, ou mesmo deslocamentos, para construir uma ideia de espaço que, muitas vezes, não recorre só ao local imediato da obra instalada, mas também ao próprio espaço global. Sua natureza não é puramente concreta; sua base é poética. Sua referência não se baseia unicamente na dimensão métrica. Está carregada de percepções, significados, história, sentimentos, desejos, memórias. Um esforço se faz necessário por parte do observador. A obra requer tempo para que você possa tatear e começar a ver sua estrutura.
Nesse trabalho, fui a dois lugares na América: Anchorage, no Alasca, e Ushuaia, na Argentina, “o início e o fim” de duas cordilheiras que considero uma: a soma das Montanhas Rochosas e dos Andes. Eu as vejo, poeticamente, como uma coluna vertebral do globo terrestre. Nesse exagero de elementos articulados nasce uma noção de paisagem, uma noção de espaço em que se mesclam espaço natural, operações poéticas e espaço construído. [NF]