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33bienal/sp

7 sep - 9 dec, 2018
free admission

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Tamar Guimarães


Legend: Tamar Guimarães, O ensaio, 2018. Still de vídeo. ©Cortesia da artista

Eu cresci em Belo Horizonte, e o que havia lá eram cineclubes. Minhas referências foram documentários subjetivos, o cinema verité [verdade], ensaios, cinema experimental e autoral. Gosto de ensaios, pela tensão entre repetição e diferença, pelo estado de espera por aquilo que você já conhece, mas que vem potencialmente renovado por mudanças internas de relações entre as partes. Por causa dessa obsessão por ensaios, eu procurava um texto para um ensaio a ser filmado, e queria trabalhar com um texto que falasse de um modo de ser e estar no Brasil. Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, me cativou muito porque há um ceticismo em relação ao progresso e uma leitura crítica afiada sobre a sociedade brasileira. Em 1880, oito anos antes da abolição da escravidão no Brasil, ele teve a clareza de dizer que “aqui vai haver a abolição da escravidão, mas a estrutura básica da sociedade não vai mudar”. Queria trabalhar com uma leitura do livro, assim como com a problemática de como você adapta um texto, se você adapta ou não, e o que faz com as diferenças de contexto e a passagem do tempo. Partes do roteiro foram sugeridas e, às vezes, escritas por pessoas que estão dentro do elenco e da equipe de produção do filme, principalmente entre os atores não profissionais. A produção do roteiro fez parte de uma conversa com o elenco de atores não profissionais, e pessoas em seu entorno, que durou muitas semanas. Nos ensaios, houve uma tentativa de estabelecer um processo de escuta e de escrita, uma escrita a várias mãos. [TG]

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