Vou partir dessa imagem, a trama, pois ela já configura uma relação: práticas que vêm de diferentes direções, possibilidades especulativas que podem ou não ter continuidade e que, em algum momento, se entrelaçam, e depois seguem suas próprias direções. O TRAMA pensa práticas que são instituintes, mas não precisam permanecer atadas. E aí entram as colaborações com a Zazie Edições, Pedro Moraes e Negalê Jones. A ideia de colaboração, aqui, não envolve apenas a reunião de uma série de pessoas em um projeto, é como uma maximização de efeitos para dar conta de uma questão de escala.
Uma Bienal pode instituir práticas que têm tamanho, mas, não necessariamente, escala; enquanto práticas de espaços menores podem não ter tamanho, mas vir a adquirir escala. Ou seja, podem produzir efeitos para além delas mesmas, ou que não se encerram no espaço expositivo. Dito isso, um dos objetivos era justamente recalibrar a escala da Bienal para uma potência que ela pode ter, por exemplo, de ser uma ferramenta de imaginação política de operações institucionais.
O que me interessa é entender que já existem esforços nesse sentido, e distribuir os recursos da Bienal para determinadas iniciativas externas a ela. Uma colaboração que passa por várias camadas no mundo da arte, entre artistas, arquitetos, editores, advogados, produtores e por aí vai. Então é, de certa forma, uma dissolução da figura ou da ideia do/a artista que age sozinho/a, ou que impulsiona, sozinho/a, uma transformação no mundo. [LC]
Organizada pela artista Luiza Crosman em colaboração com a Zazie Edições, no âmbito de sua participação na 33ª Bienal, a coleção TRAMA visa à tradução e difusão de textos e ensaios atuais, em edições digitais viabilizadas pelo redirecionamento de recursos institucionais do campo artístico:
Patrícia Reed: Xenofilia e desnaturalização computacional
Victoria Ivanova: Sobre o inefável fascínio por conquistar agência sistêmica
Iliana Fokianaki: Redistribuição via apropriação
Sara Ahmed: Excluir-se
Keller Easterling: Design de meios