Encaro este projeto como um convite para pensar a Bienal de uma maneira não tradicional. Quatro perguntas me interessam: o que é presença, hoje? O que os não especializados têm a dizer? O que reverbera (do prédio para o parque e para a cidade)? E o que fica? São perguntas propositadamente amplas. Relembro à equipe que trabalha comigo (Gabriel Pereira, pesquisador parceiro, Bernardo Fontes, programador, Guilherme Falcão, designer, e Nina Bamberg, produtora) que não precisamos provar nada. Queremos constituir um arquivo de experiências que não são aquelas de um arquivo oficial. Num futuro próximo ou distante, alguém vai estudar a 33ª Bienal e se deparar com o arquivo oficial esperado, mas também com outro conjunto de documentos resultante de nossas ações. Gosto de imaginar que isso será um estímulo para que as pesquisas sobre o passado sejam mais experimentais. O que aconteceu sempre está em construção. Para ficar só em um exemplo, pensar no que os não especializados têm a dizer é escutar os guardas e o pessoal do setor de limpeza da Bienal, mas também as inteligências artificiais (IA), que não são familiarizadas com a leitura de imagens de obras de arte – uma das IAs leu uma parede expositiva da Bienal como “vasto horizonte”; outra interpretou os vidros do prédio como “cercas”. Alguém pode encarar a interpretação não especializada como algo a não se considerar seriamente, como um erro. Nós pensamos essas leituras como ampliações. [BM]
Outra 33ª Bienal de São Paulo: acesse e acompanhe as ações de Bruno Moreschi durante a exposição.